
A International Luxury Travel Market Latin America (ILTM Latin America), maior plataforma de negócios do turismo de luxo na região, em parceria com o Panrotas, acaba de lançar o Anuário de Tendências de Turismo de Luxo 2026. Em sua quinta edição, a publicação se consolida como uma das principais referências no mercado , ao reunir dados, análises de comportamento e projeções para o segmento mais sofisticado da indústria de viagens.
Segundo Simon Mayle, diretor da ILTM Latin America, o anuário cumpre um papel estratégico em um cenário de excesso de informações. “A curadoria ajuda os profissionais a focarem no que realmente importa para o viajante de luxo, funcionando como um norte para decisões mais assertivas”, afirma.
O estudo aponta que, mesmo diante de um contexto global de desaceleração econômica e rápidas transformações tecnológicas, o turismo de luxo segue em expansão. Em 2024, o mercado global movimentou cerca de US$ 2,19 trilhões e pode ultrapassar US$ 4 trilhões até 2034, com crescimento anual estimado entre 6% e 8%. A América Latina se destaca nesse movimento, com o Brasil ocupando posição de protagonismo: o segmento gerou aproximadamente US$ 28,3 bilhões em 2024 e deve alcançar US$ 44,5 bilhões até 2030, crescendo acima da média mundial.
De acordo com o relatório, o viajante de alto padrão no Brasil tem renda individual superior a R$ 30 mil mensais, idade entre 25 e 59 anos e mantém uma rotina intensa de viagens. Realiza de duas a cinco viagens nacionais por ano e de uma a três internacionais. No Brasil, permanece de cinco a sete dias, com gasto médio entre R$ 10 mil e R$ 20 mil; no exterior, as viagens duram de oito a dez dias, com despesas que variam de R$ 30 mil a R$ 50 mil.
Trata-se de um consumidor multicanal: pesquisa em plataformas digitais, OTAs e buscadores, mas continua tomando decisões com base no atendimento personalizado de agentes e consultores especializados. Aberto a novidades, esse público valoriza experiências inéditas, serviços altamente personalizados e o prazer de viver tendências antes que se tornem massificadas.
Uma das principais mudanças observadas é a valorização de experiências que unem passado e contemporaneidade. Conceitos como Nostalgia Travel e o retorno dos grand tours ganham força, ressignificando rituais clássicos, arquitetura histórica e paisagens icônicas com conforto, tecnologia e serviços de última geração. O movimento evolui para a Heritage Travel, marcada por viagens ligadas às próprias origens familiares e culturais — tendência que desponta como uma das mais fortes para 2026.
Esse comportamento dialoga com dados globais que mostram que a maioria dos viajantes de alto padrão busca experiências relacionadas à história e à cultura local. Trens de luxo, hotéis históricos, iates de expedição, pequenos navios e roteiros de longa duração voltam ao centro do planejamento, agora com conectividade discreta, bem-estar integrado e alta gastronomia.
O renascimento de ícones do turismo internacional reforça essa estética. Marcas tradicionais investem na renovação de produtos e na abertura de novos empreendimentos que preservam o glamour do passado com a eficiência do luxo contemporâneo. No Brasil, a Heritage Travel se conecta aos fortes laços culturais com países como Itália, Portugal e Japão, estimulando roteiros que combinam genealogia, patrimônio, gastronomia e experiências multigeracionais.
Entre os destinos internacionais mais desejados pelos brasileiros de alta renda, o Japão lidera o ranking, seguido por Itália e China. No cenário nacional, Fernando de Noronha permanece no topo, enquanto Manaus e Gramado ganham espaço tanto entre viagens já reservadas quanto entre destinos aspiracionais.
A pesquisa revela um viajante cada vez mais atento às práticas responsáveis. Hoje, 32% dos viajantes de luxo brasileiros priorizam destinos comprometidos com diversidade e inclusão, enquanto 25% consideram a sustentabilidade um fator relevante na escolha de destinos e fornecedores.
No campo tecnológico, a Inteligência Artificial já faz parte da rotina dos profissionais do setor, principalmente para criação de conteúdos, pesquisa e otimização de tarefas. Ainda assim, o estudo reforça que, no turismo de luxo, a tecnologia atua como apoio — não substitui o fator humano. A experiência vivida, o repertório e a confiança no agente continuam sendo decisivos no processo de compra.







































